Home / Saúde / Preocupante projeção de aumento dos casos de câncer. Por Dra. Danielli Haddad

Preocupante projeção de aumento dos casos de câncer. Por Dra. Danielli Haddad

Inspirada no Dia Mundial da Luta contra o Câncer, celebrado em 8 de abril, trago aqui dados preocupantes e reflexões necessárias sobre o assunto. Recentemente, houve uma publicação feita pela IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer) trazendo uma projeção de aumento em 98,6% de mortes por câncer no Brasil em 2050. Este aumento se deve a inúmeros fatores como a transição epidemiológica em que vivemos. Com o avanço de antibióticos e vacinas, a redução de mortes por doenças infecto contagiosas está dando espaço para mortes por doenças crônicas.

Atualmente, o aumento numérico da população, seu envelhecimento e industrialização são os vilões para estes achados. O aumento da idade gera dano celular através de alterações no DNA, a industrialização leva a poluição, e o sedentarismo, ingestão de alimentos processados, consumo de álcool, drogas e tabaco levam a um estilo de vida não saudável. Também tem a questão da obesidade e sobrepeso, presente em mais de 2 bilhões de pessoas no mundo, e que está relacionada ao aparecimento de, no mínimo, 13 tipos de câncer e, ao que tudo indica, quanto mais jovem e quanto maior o tempo de exposição ao excesso de peso, maior o risco. Os cânceres de intestino, vesícula, bexiga, mama após menopausa, além de câncer renal, útero e esôfago são os mais comuns.

A poluição e uso de tabaco está relacionada a casos de câncer de pulmão (o mais frequente mundialmente). Também há estudos relacionando poluição com aumento de casos de câncer em crianças e adolescentes. As mudanças climáticas pioram a qualidade do ar, havendo intersecção entre clima e aumento dos casos de câncer.

No entanto, atualmente, acredita-se que metade dos cânceres podem ser evitados. Existem ações que podem reduzir o risco de aparecimento de neoplasias e consecutivamente a mortalidade. São elas: realizar atividade física reduz em até 20% o aparecimento de alguns tipos de câncer como mama, endométrio, esôfago e pulmão. Uma alimentação rica em vegetais e pobre em açúcar, farinha branca e carne vermelha chegam a reduzir em 65% o risco de câncer de mama, além de reduzir o aparecimento de outros tipos. O rastreamento para câncer de colo de útero reduz 95% a mortalidade, da mesma forma que a vacinação contra papiloma vírus a reduz em 100%. Parar de fumar reduz em 62% a mortalidade por câncer de pulmão e tomografia de tórax para tabagistas de alto risco, para o desenvolvimento de câncer pulmonar, consegue reduzir em 20% a mortalidade pela detecção precoce e possibilidade de tratamento da neoplasia.

A vacinação contra o vírus da Hepatite B reduz em 90% a mortalidade por hepatopatia crônica e câncer de fígado. A colonoscopia reduz a mortalidade por câncer de cólon quando indicada como rastreamento em indivíduos assintomáticos em 10% se comparada aos indivíduos que não se submetem ao exame. Com base nestes dados, há muito o que se fazer para impedir este aumento. Instituições governamentais, escolas, sociedade e profissionais da saúde terão mais um desafio a ser enfrentado.

Temos dados, agora nos resta agir em todas as esferas, aprovando leis de proteção ambiental, taxando e regulamentando produtos e alimentos nocivos, capacitando profissionais em escolas e agentes comunitários para disseminarem práticas de mudança do estilo de vida, aumentando o acesso da população a uma alimentação saudável diminuindo os custos de vegetais e frutas. Incentivar espaços para prática de atividade física e orientação em postos de trabalho. Oferecer tratamento para tabagismo, álcool e drogas e capacitar médicos para a abordagem correta dos casos.

Quanto a sociedade, cabe a nós termos papel ativo nestas mudanças, começando por nós mesmos. Agora pergunto a você: O que você tem feito para reduzir seus riscos de adoecimento? Você tem feito boa alimentação, cuidado de seu peso, feito atividade física, evitado excessos? Seu acompanhamento médico e exames de rotina estão em dia? Vamos começar?

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *