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Cidadão acima do Estado. Por José Guimarães Monforte

Indignar-se não basta.

Vivemos tempos em que protestar parece não surtir efeito. Por mais que nos
mobilizemos, por mais que se grite nas redes ou nas ruas, o sentimento de
impotência diante do rumo do país insiste em se instalar.


Foi essa inquietude – esse desconforto com a ineficácia de gestos isolados – que
me levou a buscar inspiração em histórias reais de coragem cívica, em
movimentos que marcaram seus tempos e reescreveram destinos.


O que mais me tocou nessa busca foram os pensamentos e ações que
convergem para a poderosa ideia da Desobediência Civil. Relendo autores como
Hannah Arendt e Henry David Thoreau, reencontrei essa verdade. E, para minha
surpresa e alegria, descobri que meu amigo e empresário Wagner Giménez Borin
acaba de lançar o livro Desobediência Civil Organizada – uma obra que chega em
hora certa, oferecendo lucidez e ferramentas para um novo agir coletivo.


Longe de ser um ato de rebeldia desorganizada, a desobediência civil é expressão
legítima da soberania popular. Um lembrete essencial: o Estado existe por
decisão da sociedade. Seus agentes – políticos e burocratas – só têm legitimidade
se atuam dentro dos limites do pacto social. Eles existem para servir e não para
se impor.


Ecoam também os alertas recentes de nomes como Vicky Bloch, ao nos falar
sobre o cansaço moral, e as análises lúcidas de Rubens Barbosa, Felipe D’Avila,
Fernando Schüller, Horacio Piva, Pedro Passos e Pedro Wongtschowski, entre
outros, que apontam para a urgência de uma postura cidadã mais ativa, crítica e
propositiva.


Estamos diante de um terreno fértil. O momento é propício ao surgimento de
uma massa crítica de cidadãos conscientes, prontos para restaurar o equilíbrio
entre o indivíduo e a máquina estatal.

Mas é preciso ir além das palavras. É tempo de se manifestar – com clareza e
coragem – contra:

  • O gasto público incontrolável e sem retorno social
  • A carga tributária abusiva
  • O assistencialismo que aprisiona em vez de emancipar
  • O uso excessivo e distorcido do Judiciário como substituto da política
  • A crise de representação que transforma o Parlamento em palco de interesses
    próprios
    Falta-nos uma proposta clara de país.
    Falta-nos ação.
    Falta-nos voz.
    É hora de despertar da apatia.
    De mostrar, de forma pública e contínua, a nossa insatisfação – e também de
    identificar e apoiar novas lideranças que nos libertem da armadilha das escolhas
    pelo “menos pior”.
    A história está repleta de exemplos de quando o povo, pacífica e firmemente,
    disse “basta”. E o Brasil de hoje reúne muitas das mesmas razões que levaram à
    transformação em outros tempos e lugares.
    Vamos nos inspirar neles. Vamos exercer nossa cidadania em sua forma mais
    plena. Cada um com seus instrumentos: o voto, a palavra, a ação comunitária, a
    representatividade.
    De forma pacífica, determinada e permanente – como nos ensinou Gandhi – pois
    a desobediência civil pode, sim, transformar sociedades inteiras sem recorrer à
    violência.
    Com amor profundo por esta pátria, deixo aqui este convite:
    Que sejamos protagonistas de uma nova história.
    Uma história de cidadãos que se recusam a se calar.
    Uma história em que o indivíduo retoma seu lugar no centro da democracia.
    O Brasil precisa de nós. Agora!

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