A ideia de que tudo parte do átomo é essencial para a física moderna e contemporânea estarem no patamar que se situam.
A humanidade deve isso, sem sombra de dúvidas, a Leucipo e Demócrito, isto é, eles são os grandes idealizadores da Teoria Atomista.
Leucipo nasceu em 500 a.C. na cidade de Mileto (mesma cidade jônica em que nasceu e viveu o primeiro filósofo Tales). Especula-se que ele tenha falecido em 420 a.C.
Demócrito (460-370 a.C.) foi um filósofo grego do período pré-socrático.
A Teoria Atomista é altamente sofisticada, ainda mais se pensarmos que eles escreveram e pensaram sobre esses assuntos cinco séculos antes de Cristo!
É muito tempo! O que denota, obviamente, a genialidade desses autores.
Os grandes idealizadores da ideia do atomismo são Leucipo e Demócrito que foi seu maior e primeiro discípulo.
Leucipo não escreveu nada, e tudo o que sabemos dele, principalmente, foi por causa dos escritos de Demócrito e a partir dos escritos desse filósofo, os escritos de terceiros.
Apesar de Leucipo ser o fundador da Escola Atomista, pouco se sabe a seu respeito.
Aparentemente, teria sido discípulo de Zenão que nasceu em 488 a.C. na cidade de Eleia, localizada na Magna Grécia, atual Itália. Pertenceu à Escola Eleática, local em que desenvolveu seu pensamento. Foi discípulo de Parmênides (510 – 470 a.C.), defendendo a filosofia de seu mestre sobre os estudos do ser, da razão e da lógica.
Portanto, Leucipo teria sofrido a influência da Escola de Eleia.
Seu pensamento é conhecido, sobretudo, a partir de seu discípulo Demócrito, que desenvolveu o atomismo, uma das doutrinas pré-socráticas de maior influência em toda a Antiguidade, sendo retomada no Helenismo pelos epicuristas e no início do pensamento moderno por Pierre Gassendi (1592-1655) que foi um filósofo, padre, cientista e astrônomo francês.
Leucipo tem uma importância muito grande por ser considerado aquele que primeiro teria pensado e idealizado a ideia do átomo da qual ele é fundador da Escola Atomista.
Ou seja, foi o primeiro pensador a idealizar a ideia do átomo como sendo o elemento primordial que existiria em todo o universo.
Demócrito, discípulo de Leucipo, originário de Abdera, no norte da Grécia, teria viajado pelo Egito, Mesopotâmia e Pérsia, fixando-se depois em Atenas.
Sua doutrina do atomismo se tornou conhecida, sobretudo, pela formulação feita por Epicuro (341 – 271 a.C.), de grande influência na Antiguidade.
Lamentavelmente, apesar de Demócrito ter escrito muitas obras, subsistiram poucos fragmentos de seus textos referentes a essa doutrina.
Há dois elementos essenciais para compreender essa Escola Atomista, ou seja, a existência do átomo e do vazio.
O átomo se move no vazio e teria formas geométricas, que iriam formar as substâncias, os seres a partir da junção geometricamente desses átomos.
Na verdade, essa possibilidade acontece juntamente em razão da ideia de vazio.
Então, no vazio os átomos se unirão e formarão esse ou aquele elemento.
A doutrina atomista sustenta que a realidade consiste em átomos e no vazio, os átomos se atraindo e se repelindo, e gerando com isso os fenômenos naturais e o movimento.
A atração e repulsão dos átomos ocorrem devido às suas formas geométricas, sendo que átomos de formas semelhantes se atraem e os de formas diferentes se repelem. Os átomos são imperceptíveis e existem em número infinito.
Isso, sem dúvida, antecipa de maneira surpreendente a física atômica contemporânea; que deve sua noção de átomo a essa tradição, apesar, obviamente, das profundas diferenças existentes entre ambas.]
Portanto, não só a física moderna como a física contemporânea, a física quântica, a física nuclear têm o seu elemento de pesquisa e de investigação na ideia do átomo desenvolvida por Leucipo e Demócrito.
Enfim, como Leucipo ou Demócrito conseguiram idealizar a existência de um ser que é, absolutamente, impossível de se enxergar a olho nu cinco séculos antes de Cristo?
É uma incógnita!
Não há explicação como eles conseguiram pensar a existência do átomo naquela época.
Nessa ideia, o átomo seria um ser não divisível, mas, na realidade, o átomo pode ser divisível. Depois, os físicos chegaram a essa conclusão que existe um elemento no átomo que seria indivisível.
Porém, sem dúvida nenhuma, a Teoria do Atomismo desenvolvida, pela primeira vez, por Leucipo e Demócrito, é um pensamento revolucionário e que muito contribuiu para o estágio atual da física.
“Átomo” em grego significa “o não-divisível”,e naturalmente, incriados, indestrutíveis e imutáveis.
Na verdade, não é o átomo que muda o que muda seria a junção dos átomos porque o átomo é absolutamente imutável.
E mais, porque o átomo se move no vazio e vai colidir com outros átomos.
Todos esses átomos são absolutamente indestrutíveis.
Se forem, obviamente, mais próximos da sua forma vão se aproximar e buscar se encaixar, caso contrário, vão se repelir.
Mas, sempre com a ideia de que não serão destruídos, isto é, eles não podem ser destruídos.
Sem o vazio, os átomos e formas não poderiam diferenciar-se nem mover-se.
Átomos, vazio (o “não ser”) e o movimento constituem a explicação de tudo.
Portanto, há uma relação intrínseca entre átomo, vazio e movimento.
Para a Teoria Atomista, o “não-ser” ou “o vazio que não é” seria onde os átomos teriam essa possibilidade de movimento.
Segundo o pensamento de Demócrito, o átomo não pode ser destruído e nem modificado, na realidade, o que modifica não são os átomos, mas a sua união.
Aristóteles menciona em sua Metafísica a importante ideia sobre essa visão dos Atomistas.
Seres como nós, racionais, somos também formados pela união dos átomos. Isso é muito interessante porque é possível compreender a criação de seres absolutamente infinitesimais.
Há um eterno movimento entre os átomos, isto é, por meio da colisão.
Portanto, os átomos estão juntos ou se repelem ou se unem a outros átomos e com isso os seres mais complexos vão se formando a partir dessa ideia do movimento.
Por isso, para que ocorra o movimento entre os átomos que se aproximam ou se repelem (colidir), faz-se necessário o espaço, ou seja, a ideia do vazio.
Essa ligação no pensamento dos filósofos Leucipo e Demócrito é essencial.
Ou seja, há uma ligação intrínseca entre átomo, vazio e movimento.
Na Teoria de Demócrito esses três elementos estarão sempre juntos.
Porém, pensar a Teoria do Atomismo não significa compreender toda a obra de Demócrito, isto é, ele estuda a ideia dos valores morais também.
A grande questão do pensamento de Demócrito é para que nós possamos ter uma boa vida, para que possamos ter boa disposição e que consigamos nos afastar, principalmente, dos três elementos que é a inveja, o ciúme e a malquerença, isto é, somente adquirimos esses aspectos quando nos comparamos com aqueles que têm mais.
Por isso, Demócrito diz que devemos nos comparar com aqueles que têm menos, pois por meio do seu sofrimento, nós deixamos de lado, a ideia da inveja, do ciúme e da malquerença.
Então, esse seria o caminho para que nós tivéssemos uma boa disposição para viver a vida.
Essa é a ideia ética de Demócrito, ou seja, tudo isso deve ser aplicado em nossas vidas.
Ou melhor, não é uma ideia universal, mas subjetiva.
E sentindo esses sentimentos menores que nos aprisionam, pensamos, muitas vezes, em ideias para alcançar esse objetivo, isto é, o patamar em que os outros se encontram que estão acima de nós.
Lamentavelmente, muitas vezes, ao pensar dessa forma, podemos, inclusive, praticar atos que violem a lei ou a razão disso e poderíamos ser presos, ou seja, sofrer no corpo esse erro de escolha.
Por isso, devemos olhar para os mais necessitados.
A ética de Demócrito é uma ética que não é dogmática, ela é uma ética, ela é muito mais prática, ela terá uma “práxis” muito forte, sem sombra de dúvidas, e, portanto, para conseguir vivenciar essa ideia de Demócrito, devemos não nos comparar com aqueles que têm mais.
E, poderemos, então, ter boa disposição para viver a vida e estarmos felizes.
Ou seja, ter uma vida ética nos moldes do pensamento atomista de Demócrito, isto é, evitar o ciúme, a inveja e a malquerença. Sem se esquecer de se comparar com quem tem menos para podermos ser mais humildes e sabermos encarar as adversidades da vida não sentindo os três elementos já citados que são nocivos à vida humana e à vida em sociedade.
Se todos fizessem isso, teríamos uma vida de paz e harmonia de acordo com o pensamento de Demócrito.
“Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.”
Albert Einstein (1879 – 1955), físico e matemático alemão.