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A autodestruição do sistema. Por Elizabeth Leão

Há exatamente um ano, em setembro de 2023, escrevi um artigo  questionando o limiar do egoísmo.  

A minha reflexão, hoje, se reporta ao exacerbamento do ego, que  ultrapassou o seu limiar e pode ser verificado nas atitudes de algumas  figuras proeminentes do nosso país, como de tantos outros, consideradas  autoridades, atitudes que têm sido assustadoras, caóticas, reprovadas pela  maioria da sociedade isenta e consciente.  

A única constatação possível, no momento, é que o sistema está se  autodestruindo. O sistema está em crise.  

Reporto-me a Albert Einstein, quando, com sua acuidade única, afirma que  “a crise é a melhor bênção que pode acontecer às pessoas e aos países,  porque a crise traz progresso. A criatividade nasce da angústia como o dia  nasce da noite escura. Na crise, nascem inventividade, descobertas e  grandes estratégias.”  

Esta reflexão, me remete, sem dúvida, à crise de valores que o planeta  enfrenta, já há algum tempo, de forma avassaladora, assustando mesmo os  mais atentos e transformando o futuro em uma incógnita extremamente  preocupante.  

Pensar na crise como uma benção, como afirma Einstein, principalmente no  concernente à crise de valores, além da ausência de perspectivas a curto  prazo, requerer certo grau de estabilidade que deverá, indubitavelmente,  ser cultivada com paciência e perseverança.  

Países, como o nosso Brasil, vive a instabilidade da ausência de liberdade.  Ditaduras são instaladas ou consolidadas, como a recente crise política e  institucional na Venezuela.  

Países como os Estados Unidos da América sentem a insegurança que lhes  ocasionará a eventualidade de um resultado catastrófico nas próximas  eleições majoritárias, quando a economia, a liberdade, os valores poderão  ser ceifados e, o povo americano, transformado em marionetes do  globalismo.  

Países como a Alemanha, França e a Inglaterra, dentre outros, assistem a  gradativa perda de seus valores culturais para os migrantes que ocupam 

suas cidades e usurpam os recursos gerados por eles, cidadãos. Este  fenômeno, suportado e avalizado pelos seus governos, estão  transformando a realidade dessas sociedades, sendo paulatinamente  enterrada qualquer possibilidade de inventividade, como mencionado por  Einstein, pelo menos por enquanto.  

Encontramo-nos frente a situações de desequilíbrio de um elemento crucial  da figura humana, que é a liberdade.  

O que leva uma autoridade – ocupante de cargo executivo, legislativo ou  judiciário, ou mesmo militar, todos identificados pelo desejo do poder, de  ditar ordens, de ser obedecido -, ceifar a liberdade dos cidadãos, senão a  constatação de total ausência de caráter e um desequilíbrio de  personalidade?  

E o povo se cala?  

O memorável Abraham Lincoln, ícone americano da igualdade, liberdade  e democracia, nos presenteou entre outros legados, com um chamado à  dignidade afirmando que “pecar pelo silêncio, quando se deveria  protestar, transforma homens em covardes”.  

Vivemos momentos sensíveis e de profunda insegurança, não apenas na  nossa política interna, mas também em muitas outras nações. Insegurança  econômica, financeira, política, jurídica, que, unidas, transformaram o  mundo em um barril de pólvora e que está exigindo de todas as sociedades  mundiais medidas concretas para estancar os desmandos que estão  transformando países livres em ditaduras. As atitudes de alguns poucos que  se julgam supremos e poderosos, conduzem a administração, a economia,  a política, para caminhos nunca dantes trilhados, em face de decisões  irracionais, injustas, ilegais e exacerbadamente egóicas.  

Concordo com Einstein, mas acrescentaria que a crise pode criar homens e  mulheres corajosos, surpreendentes, que encontram meios de liberar sua  criatividade e se transformam em verdadeiros bastiões da liberdade, da  defesa dos direitos e valores da sociedade.  

Sim, existem homens e mulheres que possuem coragem, são patriotas e  dotados da consciência do dever cívico, apesar de muitos se submeterem às  pressões da corrupção, do dinheiro fácil. Estes contribuem para o  aprofundamento da crise e dificultam a sua superação, se curvando à  tirania, muitas vezes camuflada de manutenção da Ordem.  

Presenciamos atualmente o caos. Somos, em grande maioria, dominados  pela ignorância da verdadeira intenção subjacente, vivendo cada qual sua 

vida particular sem nos preocuparmos com o que não conhecemos e não  entendemos.  

Se este é o caos, muitas vezes dominado pelo desconhecido, pelo  inexplorado, a ordem, seu contraponto, é a hierarquia, a organização, o  ambiente de domínio, que entendemos e conhecemos. E com base nessa  aparente ordem, a tirania se propaga e se transforma em Totalitarismo.  

Interessante constatar que o caos promove a insegurança e a necessidade  de enfrentar o desafio, elementos que auxiliam as pessoas a subsistirem e se  motivarem para a superação das contrariedades que a vida lhes apresenta.  O inconformismo com a perda da liberdade, com as injustiças verificadas e  muitas sofridas por si ou por próximos, pode ser a dose necessária para  conduzir as pessoas a promover a ruptura que esses desafios exigem.  

Sem uma dose do caos, a escuridão, a confusão, dificilmente a sociedade  conseguirá despertar e restaurar a ordem então desequilibrada pela ação  de poucos.  

Da crise surgirá a estabilidade e o resgate de experiências positivas que  superarão os presentes desafios, transformando e conduzindo a sociedade  atual a outro patamar de evolução.  

Sim, desta crise emergirá um novo tempo nunca dantes vivenciado na  história dos povos. Só nos resta aguardar.  

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